quarta-feira, 8 de julho de 2009

Iraq War/2003-2008 [Ba’ath]


Entre a Guerra do Golfo e o ‘11 de setembro de 2001’, as duas principais arenas de conflito mundial foram os Bálcãs e o Oriente Médio. Os Estados Unidos desempenharam papel diplomático em ambas as regiões, porém não conseguiram exercer sua proteção eficazmente, não por falta de esforço, mas por falta de poder. Depois do que aconteceu no ‘11 de setembro’, apesar da atenção da CIA sobre a al-Qaeda e da competência dos serviços de informação da agência, ela não conseguiu prever nem prevenir os ataques terroristas, ou pelo menos isso foi o que disse o diretor da CIA, George Tenet. Por outro lado, as pessoas responsáveis pelos ataques eram membros de uma força não estatal, com elevado grau de determinação, algum dinheiro, composto por um bando de seguidores dedicados e ma base forte num Estado fraco, em suma, perto dos EUA, militarmente, não eram nada. Após os ataques ao WTC e ao Pentagono, W. Bush declarou guerra ao terrorismo e disse ainda ao mundo: ‘ou estão conosco ou estão contra nós!’.

Os três principais campos de atuação desenvolvidos foram o ataque militar ao Afeganistão, o apoio direto a Israel para liquidar com a Autoridade Palestina e a invasão do Iraque. O partido político árabe Ba’ath, fundado em 1941 em Damasco, presente na Síria e no Iraque, era a agremiação do ditador iraquiano, supõem-se então que o exército de Saddam Hussein não era o dos talebãs, o seu controle interno era muito mais coerente, deste modo, uma invasão dos EUA no Iraque envolveu necessariamente uma poderosa força terrestre, que abriu caminho até Bagdá e sofreu enormes baixas. Muitos previram que os EUA não seriam capazes de sozinhos travar uma guerra bem-sucedida no Iraque sem incorrerem em danos enormes, apesar disso, se os EUA invadissem o Iraque e fossem forçados a retirarem-se, parecerão ainda mais ineficazes, alertou Immanuel Wallerstein em seu livro “O Declínio do Poder Americano”. Daí resultou o prolongamento da Guerra no Iraque, além de ter sido sangrenta e profundamente destrutiva, ao mesmo tempo confirmou a característica de ser uma ‘guerra menor’, mas que provoca vastas catástrofes, diferentemente das guerras imperiais, entre países, típicas do século XX. Eric Hobsbawm afirmou, em seu livro “Globalização, Democracia e Terrorismo”, que os EUA não querem ocupar o mundo, eles querem apenas ir à guerra, impor governos-amigos e voltar para casa. Mas isso não funcionou, porque os americanos negligenciaram as ações que se devem seguir ao se ocupar um país: governá-lo, supri-lo, conservá-lo.

Declarar o desejo de democratizar o Iraque foi uma alegação dada como motivo para os americanos irem à guerra, embora um esforço inicial de vincular o Iraque aos ataques com antraz tenha sido um fracasso. Talvez o histórico do Iraque com o uso de armas biológicas e químicas tenha parecido realmente para a opinião pública que o país era uma ameaça aos EUA. Adverte-se que foi desse modo que o New York Times proclamou que teríamos duas superpotências: os Estados Unidos e a opinião pública global, mesmo que os grandes jornais de rede de televisão americana se limitassem a transmitir apenas a versão do governo americano.

Decorreram-se os episódios da guerra: o Afeganistão se submeteu ao poder norte-americano, mas Osama não foi encontrado vivo, nem morto e a guerra não estava rendendo resultados espetaculares; o público americano aceitou a idéia de que a al-Qaeda estava ligada a Saddam Hussein para justificar uma ação militar que o removesse do Iraque, uma vez vinculados, a caça aos terroristas transformou-se na bem-sucedida perseguição, remoção e aniquilação de Saddam. Resta questionar, conforme indicou David Harvey em seu livro “O Novo Imperialismo”, sobre a finalidade estratégica de traspassar do Iraque para o Irã, consolidando um posicionamento na Turquia e no Uzbequistão, como presença relativa às reservas de petróleo da bacia do mar Cáspio, para enfim controlar a economia global por mais cinquenta anos.

Por enquanto, talvez não reste mais nada dessa estratégia. Afinal, as armas de destruição em massa, motivo para um ataque antecipatório, não constituíram uma ameaça e nada de significativo se descobriu a esse respeito. A ligação entre a al-Qaeda, Saddam e o '11 de setembro' não existia. Os serviços de inteligência passaram por graves problemas: para justificar a decisão de ir à guerra, dados não avaliados, inconsistentes e não comprovados foram usados tanto pelas audiências e relatórios da Comissão '11 de setembro' quanto pelo Relatório do Senado Americano sobre os Serviços de Inteligência. Entretanto, Susan Willis identificou, em seu livro “Evidências do Real”, que imediatamente após os ataques ao WTC, os EUA responderam com o rápido desfraldar da bandeira norte-americana: ela concentra o poder de se tornar um fetiche; ela exprime uma forma de patriotismo elevado ao patamar religioso; ela personificou o fundamentalismo da Casa Branca de Bush.

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