domingo, 12 de julho de 2009

Hamas [2008-9]


Durante a Guerra Fria ocorreram dezenas de conflitos étnicos, inclusive a ‘guerra de fratura’ entre árabes e israelenses. No Oriente Médio, onde o conflito entre árabes e judeus na Palestina data do estabelecimento da pátria judia, ocorreram pelo menos quatro grandes guerras entre Israel e os Estados árabes, dentre as quais destaca-se a que os palestinos engajaram-se contra a autoridade judaica, a Intifada . Uma vez iniciadas, as ‘guerras de linha de fratura’ tendem a adquirir vida própria e a se desenvolver num padrão de ação e reação. Identidades que anteriormente foram múltiplas e descontraídas passam a ser intensas e enrijecidas – é muito apropriado que os conflitos comunitários sejam denominados ‘guerras de identidade’. Mas à medida que a violência aumenta, também aumenta a dedicação e a coesão do grupo, os líderes políticos ampliam e aprofundam seus apelos a lealdades étnicas e religiosas: a consciência da civilização se reforça em relação a outras identidades. No conflito contínuo entre israelenses e árabes, na medida em que a OLP se movia no sentido das negociações com o governo israelense, o Hamas entrava em disputa com ela pela lealdade dos palestinos. As ‘guerras de linha de fratura’ são, pois marcadas por frequentes tréguas, cessar-fogos, armistícios, mas não por tratados de paz, no livro “O Choque de Civilizações”, Samuel Huntington a caracterizou por um ‘pára-e-recomeça’, que possui raízes em conflitos envolvendo relações antagônicas duradouras entre grupos de civilizações diferentes. Os conflitos na ‘linha de fratura’ provêm, portanto da proximidade geográfica, religiões e culturas diferentes, além de estruturas sociais separadas.

Entre cessar-fogos e armistícios, os ataques israelenses a Faixa Gaza não cessaram nos últimos anos. Em março de 2008, Mahmoud Abbas, presidente da ANP [Autoridade Nacional da Palestina] suspendeu as negociações de paz com Israel que, ignorando apelos internacionais, continuou os ataques aos territórios palestinos. O Hamas, grupo islâmico que controla Gaza desde meados de 2007, criou uma estratégia para reduzir um pouco o número de mortos: milicianos usaram passagens cobertas e evitaram andar em grupos, ao mesmo tempo ordenou-se que as escolas fechassem. Assim, o número de palestinos mortos chegou a cair para oito, com o isolamento de civis em áreas atacadas e com a formação de grupos milicianos menores. As movimentadas ruas de Gaza esvaziaram, enquanto na Cisjordânia duas mil pessoas portavam a bandeira verde do Hamas e a amarela do Fatah, de Mahmoud Abbas.

Israel regularmente combate os mísseis que vem de Gaza, mas eles intensificaram suas operações depois que alcançaram Ashkelon, distante apenas 40 km de Tel Aviv. O Hamas durante nove dias lançou mísseis contra cidades e vilas israelenses. Israel foi acusado de uso excessivo de força, mas o primeiro-ministro Ehud Olmert rejeitou as críticas, para ele, atacar o Hamas reforça a chance de paz. Até o Egito que cooperava com Israel no isolamento à Gaza, abriu sua fronteira com o território palestino para os feridos entrarem, além de enviar ambulâncias. Em dezembro de 2008 Israel fazia o pior ataque a Gaza em 20 anos, desde a primeira Intifada, em 1987. Os israelenses bombardearam a Faixa de Gaza e mataram pelo menos 225 pessoas, mais de 700 pessoas ficaram feridas, em 27 de dezembro de 2008, num ataque da Força Aérea de Israel contra a Faixa de Gaza. Os caças F-16 lançaram mais de cem toneladas de bombas. Os aviões lançaram mísseis e bombas contra pelo menos cem instalações do Hamas, causando pânico em Gaza, que estava a 18 meses sob o controle islâmico. Os alvos eram os prédios militares do Hamas –, prédios que desmoronavam, enquanto outros pegavam fogo e o caos tomava conta das ruas, além da Cidade de Gaza, houve bombardeios contra Khan Younis e Rafah, no sul do território. Postos de polícia, depósitos de armas e centros de treinamento militares palestinos foram destruídos, a maioria dos mortos eram integrantes do Hamas, mas muitos civis foram vítimas. Alguns dos mísseis israelenses atingiram áreas densamente povoadas, num horário em que as crianças deixavam as escolas. Em média cem membros do Hamas foram atingidos, mas os líderes políticos do grupo escaparam.

A ONU, a União Européia e líderes árabes condenaram o bombardeio, apenas os EUA não lhes condenaram, limitando-se a pedir que Israel evitasse fazer vítimas civis. Segundo Israel, esse bombardeio foi apenas o início da operação contra o Hamas e a ação poderá usar forças terrestres. Mas o Hamas prometia vingança e seu líder em Gaza, Ismail Haniyeh, disse que a região nunca será entregue a Israel. O líder do Hamas no exílio, em Damasco, Khaled Meshaal, pediu aos palestinos que realizassem uma terceira Intifada. Logo após o bombardeio aéreo, o Hamas lançou mais foguetes, os primeiros a fazer vítimas em Israel: uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas em Netivot. Israel advertiu que não toleraria mais o lançamento de foguetes. Foram 470 mísseis e morteiros lançados de Gaza só em novembro de 2008.

A batalha urbana começou em janeiro de 2009. O décimo dia de ação militar israelense foi o mais sangrento desde o início da ofensiva por terra, com tropas operando em toda a Faixa de Gaza. Pesados bombardeios aéreos e de artilharia sacudiram o território palestino no dia 05 de janeiro de 2009, provocando bolas de fogo e densas nuvens de fumaça no centro da Cidade de Gaza. Desde o dia da invasão, essa foi a primeira vez que os soldados judeus combateram diretamente milicianos do Hamas em áreas urbanas. Centenas de tanques e blindados formaram um cordão de isolamento nas regiões de Khan Yunis, no sul, e em Shajaieh, no norte, dividindo a Faixa de Gaza em três setores isolados. Mais de 550 pessoas morreram desde o início dos bombardeios. Tzipi Livni, ministra do exterior de Israel, não se comoveu com o aumento das mortes e rejeitou o cessar-fogo, ao alegar que o país estava em uma ação de autodefesa. O número dois do Hamas em Gaza, Mahmoud al-Zahar, garantiu que o grupo não vai interromper o lançamento de mísseis contra Israel. Mesmo sob pressão, o Hamas lançou pelo menos 35 mísseis contra Israel, no dia 05 de janeiro de 2009, em Ashdod, um foguete caiu numa creche vazia, por volta do meio-dia, cinco mísseis caíram num intervalo de 15 minutos, levando a população israelense ao pânico. Ao mesmo tempo em que aviões israelenses atacaram 130 alvos em Gaza, os bombardeios foram concentrados em túneis clandestinos ao longo da fronteira com o Egito.

Depois de cercar diversos municípios e fazer pequenas incursões em bairros residenciais, os confrontos ganharam força em áreas densamente habitadas da Cidade de Gaza, Beit Lahiya e Beit Hanoun. Pouco tempo depois, no dia 04 de março de 2009, no jornal F. de São Paulo, o relatório anual do Departamento de Estado dos EUA, que traça um painel sobre a situação das drogas no mundo, afirmou que organizações criminosas como o PCC [SP] e CV [RJ] aumentaram sua presença internacional, atuando em países como a Bolívia, Argentina, Paraguai e possivelmente Portugal – regiões que se tornaram fonte de financiamento para terroristas, em que grupos radicais como Hezbollah e Hamas foram mencionados como beneficiados. A Galeria Pagé e a Caza Homze, em Ciudad del Este, seriam usadas para gerar ou movimentar fundos terroristas [?!].

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