sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Locus Sanguinário da Carnificina Neoliberal


O Estado deixa de existir nesta paisagem, protótipo neoliberal, ou se o Estado existe é para privatizar suas empresas estatais e intervir a favor do mercado de endividamento. Este é o locus que o neoliberalismo pós-moderno garante [tecnopólos, desintegração arquitetônica, não-lugares e natureza da guerra], se a política é a continuação da guerra por outros meios – o meio técnico-científico-informacional não deixa de ser o suporte de uma carnificina irrestrita, reproduzindo capital humano, empilhando-o, talvez, como numa ‘pirâmide’. Quem usufrui dessa paisagem? Uma elite rarefeita de executivos que viajam nos assépticos e linguísticos não-lugares, que se desfragmentam com essa arquitetura móbil e catódica. Quem financia essa paisagem? Uma faixa um pouco mais larga de especialistas [da classe média]: professores, engenheiros, jornalistas, médicos, advogados, etc., que optam pelo suicídio de sobreviver endividados, sob o status de manterem-se heróis – assinando seus cheques como os sobreviventes. Quem construiu esta paisagem? Certamente, estão mutilados ou mortos: por acidentes de trabalho, por doenças omissas [por falta de assistência médica] ou pela fome e falta de crédito, por estar assentados no ‘resto’ do país. Estes são, portanto, os corpos que se alistaram no front pós-industrial, nos meios políticos que favoreceram uma guerra cotidiana, aberta e generalizada – sob a carnificina, a antropofagia neoliberal.

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