sábado, 22 de agosto de 2009

Narcoterror [biotech andean IV]


Acontece que, desde a década de 1990, os EUA começaram a pressionar os países andinos, tratando problemas econômicos vinculados ao tráfico de drogas. Afinal, segue-se: a Bolívia é ainda produtora de folha de coca em regiões como os Yunga e o Chapare; o Peru também produz e exporta folhas de coca, em regiões como o Alto Huallaga; a Colômbia cultiva, refina e exporta coca; a Venezuela é acusada por lavagem de dinheiro do narcotráfico e, juntamente com o Equador, destacam-se por serem suspeitos de delinear rotas de fuga de cocaína rumo aos mercados do norte.

O ‘Andean Trade Preference Act’ [ATPA] ou ‘Ley de Preferencias Arancelarias Andinas’ fazem parte do programa da guerra às drogas que George Bush efetivou em 1992, com a Bolívia e a Colômbia como principais beneficiárias, só se estendendo ao Equador e Peru, em 1993, já com Bill Clinton. Este acordo estimulava alternativas ao cultivo de coca, estabelecendo regras comerciais entre esses países e os EUA. W. Bush prorrogou o ATPA até 2006, ao incentivar a diminuição das barreiras tarifárias para esses países andinos, mantendo o vínculo com a repressão ao tráfico de drogas. Mas quando o congresso norte-americano aprovou em 1999 o ‘Plano Colômbia’, os Estados Unidos passaram a se envolver mais diretamente na luta antidrogas, o que de fato impôs a presença de fuzileiros navais americanos na base colombiana de Manta, elevando a região dos Andes a um patamar geopolítico de maior visibilidade. Principalmente porque W. Bush, depois do 11 de setembro, assimilava essa ‘guerra às drogas’ [war on drug] como ‘guerra ao terrorismo’ [war on terror], obtendo como ponto de aplicação a atuação dos grupos guerrilheiros das FARC e dos paramilitares da AUC, em cuja estratégia ‘going to the source’ [ir à fonte] detonou uma única condição para eles: o terror.

Em 1993, Elliot Abrams, ainda no Hudson Institute, afirmou que os interesses norte-americanos na região andina transcendiam ao narcotráfico, pois o acesso ao petróleo da região diminuía a dependência de petróleo do Oriente Médio, conforme Luiz Fernando Ayerbe em seu artigo “Percepções Norte-americanas sobre os Impasses na América Latina”. A ‘Iniciativa Andina Antidrogas’, aprovada em Quebec, Canadá, em 2001, pela Cúpula das Américas, propunha destinar, entretanto, recursos para os países da América Andina, como estímulo ao narcotráfico. Enfatiza-se que o governo colombiano de Alvaro Uribe tornou-se um aliado da War On Drug no continente sul-americano, contemporâneo à política estimulada do governo W. Bush. O impasse na região agravou-se a partir de 2002, mesmo com Álvaro Uribe endurecendo o combate ao narcotráfico e estreitando relações com os EUA. De um lado, Evo Morales destacava-se como líder dos plantadores de folha de coca, eminentemente contrário a erradicação do seu plantio, e de outro, um governo venezuelano irradiava-se como militância antinorte-americana, ao mesmo tempo em que se mantinha como um dos maiores produtores mundiais de petróleo. É inquestionável, a Amazônia Andina respira e explode impasses domiciliares e transfronteiriços, mas inevitavelmente, os estilhaços se unem na mais nova insígnia do terror, que agora é verde...

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