segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Hiléia Amazônica [Integração Nacional]


A manobra geopolítica de integração nacional foi reformulada na década de 1960. Percebia-se a projeção continental em torno da região do triângulo Rio-São Paulo-BH, ou seja, a partir da base econômica acelerar-se-ia a integração à plataforma central, em suma, a estratégia do Planalto Central estava em plena marcha. Na década de 1970, elaborava-se um projeto de se integrar a Amazônia através de uma estratégia adequada que respondesse aos objetivos pretendidos e às especificidades regionais. Tratava-se de uma geopolítica pan-amazônica, ou seja, uma política aplicada ao espaço geográfico, mas a partir de três frentes históricas: a frente das vertentes andinas utilizada pioneiramente por Orellana; a frente do Planalto Central inaugurada por Raposo Tavares; a frente do litoral atlântico iniciada por Pedro Teixeira. A frente atlântica tradicionalmente foi colonizada seguindo rotas fluviais, esforço em que se insistiu até a década de 1960, quando começou a penetração nessa hinterlândia pela frente do Planalto Central. Rodovias foram construídas e projetadas descendo, a partir de então, as vertentes do Espigão Mestre até alcançarem o rio Amazonas em Belém, Santarém e Manaus. Manobra ampla que partia de três frentes, a que saía da foz do rio Amazonas e seus afluentes; a do Planalto Central descendo as escarpas até a grande planície; acrescente-se a que foi ao encontro do arco fronteiriço das vertentes do sul do sistema guiano e vertentes sul e oeste do sistema andino.

Na década de 1970 foi o período da projeção da rodovia transamazônica que cortava as três vias de descida do Planalto e ligava o Nordeste [Recife e João Pessoa] a Rio Branco no Acre, no sentido leste-oeste. A redinamização da frente andina exigiria o desenvolvimento das ‘bases partidas’, isto é, ‘áreas interiores de intercâmbio fronteiriço’, mas deveriam ser aquelas regiões onde já existe um mínimo de povoamento, articulação viária e de intercambio internacional, conforme Carlos de Meira Mattos em seu livro “Uma Geopolítica Pan-Amazônica”. Selecionam-se, pois os ‘centros formadores de fronteiras sul-americanas’ ou as três ‘áreas interiores de intercâmbio fronteiriço’:

[1] O sistema alto rio Negro-Branco – duas subáreas-pólos, uma constituída pelo triângulo internacional traçado entre Rio Branco [Brasil], Santa Helena [Venezuela] e Lethen [guiana]. Essa subárea já contava, na década de 1970, com uma articulação rodoviária no triângulo das três cidades e se ligava com Caracas e Manaus. O eixo da segunda subárea demarcava-se pelo rio Negro-Uaupés. Abrange-se toda uma linha paralela às fronteiras do Brasil com a Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia; [2] o sistema fluvial do Solimões – região fronteiriça entre Brasil, Colômbia e Peru. Esta área-pólo serve-se de localidades particularmente no eixo do Solimões: Tefé, Tabatinga, Benjamin Constant [Brasil], Leticia [Colômbia], Ramón Castilla e Iquitos [Peru]; [3] Os sistemas fluviais Madeira e Purus – interior do arco fronteiriço amazônico, ou seja, dois subsistemas fluviais constituídos pelas bacias do Madeira e do Purus. Localidades brasileiras [Porto Velho, Guarajá-Mirim e Rio Branco] e bolivianas [Riberalta e Cobija] dão suporte à região.

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