quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Wall Street Chaos


O surgimento de um complexo Wall Street-Tesouro nos Estados Unidos, capaz de controlar instituições como o FMI e projetar um vasto campo de forças financeiro pelo mundo, mediante uma rede de instituições financeiras e governamentais, teve enorme influência sobre a dinâmica do capitalismo global em anos recentes. Esse poder central só pôde agir como agiu porque o resto do mundo formava uma rede e estava integrado num arcabouço estruturado de instituições financeiras e governamentais. O quadro geral que surgiu daí foi de um mundo entrelaçado por fluxos de capital excedente com conglomerados de poder político e econômico em pontos-chave [Nova York, Londres, Tóquio] que buscavam desembolsar ou absorver os excedentes de modo produtivo ou usar o poder especulativo para livrar o sistema da sobreacumulação mediante a promoção de crises de desvalorização em territórios vulneráveis, conforme David Harvey em seu livro “O Novo Imperialismo”. Foram os pobres das regiões rurais do México, da Tailândia e do Brasil que mais sofreram com as depreciações causadas pelas crises financeiras das décadas de 1980-90.

Os Estados Unidos se constituíram numa economia rentista em relação ao mundo e numa economia de serviços no plano doméstico. Internacionalmente, o capital financeiro mostrou-se cada vez mais volátil e predatório. Surtos de desvalorização e destruição de capitais ocorriam, em geral pela imposição dos programas estruturais do FMI, como antídoto para a incapacidade de manter a fluidez da acumulação do capital por meio da espoliação. As lutas de classes começaram a se concentrar ao redor desses ajustes estruturais, das atividades predatórias do capital e da perda de direitos gerada pela privatização. Mas as crises da dívida em diversos países foram úteis para reorganizar as relações sociais de produção internas em cada país, o que foi favorecendo a penetração dos capitais externos. Regimes, mercados de produtos e empresas domésticos floresceriam obrigados à absorção por empresas norte-americanas, japonesas e européias. Evidenciou-se em toda parte resistências em relação ao poder complexo Wall Street-Tesouro-FMI. Entretanto emergiu um movimento mundial ‘antiglobalização’, metamorfose de um movimento de ‘globalização alternativa’, com forte apoio de base. ‘Movimentos populistas’ contra a hegemonia norte-americana partem de potências, antes docilmente subordinadas, na Ásia e América Latina: quando se ameaça transformar uma resistência de base numa série de resistências lideradas pelo Estado à hegemonia norte-americana.

Como foi impressionante o intenso apoio aos Estados Unidos, que chegou a 2,3 bilhões de dólares por dia no começo de 2003. Qualquer outro país do mundo que apresentasse semelhante condição macroeconômica estaria a essa altura submetido à austeridade e aos procedimentos estruturais do FMI. Mas o FMI são os Estados Unidos. Acontece que a guerra no Iraque não custou muito mais que 200 bilhões de dólares. O petróleo iraquiano poderia ser expropriado para pelo menos financiar os custos de uma guerra. Tudo indica, entretanto que seria preciso vários anos para que a produção petrolífera do Iraque voltasse ao nível capaz de financiar, ao menos teoricamente, tanto o custa da guerra como o redesenvolvimento do país. A única opção dos EUA foi aprofundar suas dívidas para financiar a guerra. Esses déficits com propósitos militares lançaram a sua economia numa recessão sem precedentes. A perda de empregos e de proteções sociais [como os seguro-saúde e mesmo os fundos de pensão] reverbera em todos os setores da economia norte-americana. A economia da cidade de Nova York, por exemplo, acha-se hoje em situação bem pior do que no período da crise de 1973-5, e seu déficit orçamentário parece caminhar para lançá-la em falência técnica dentro de bem poucos anos.

Um comentário:

Nauru Mendes disse...

goatei do blog juninho linkei com o meu www.naurumendes.blogspot.com ]

abraços coiote

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