quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Mar Territorial e Águas Interioranas [EUA]


Dando para quatro corpos aquáticos importantes [os oceanos Atlântico, Pacífico e Ártico, além do Golfo do México] os mares marginais são importantes para os Estados Unidos por causa de seus vários recursos, o uso que delas faz a navegação costeira e exterior e a sua função defensiva contra ataques de além-mar. O contorno litorâneo dos EUA estende-se por mais de 1.800 km, dos quais mais da metade se situa no Alaska, 40 por cento estão nos EUA e cinco por cento no Havaí. Ao longo da costa acidentada da Nova Inglaterra, por exemplo, o povo em época remota se voltou para o mar, desenvolvendo a pesca e as atividades de navegação e construindo fortes para fins de defesa.

Uma das mais importantes características físicas do litoral dos Estados Unidos não deixa de ser a sua ‘plataforma continental’ – a rasa plataforma submarina que se inclina gradativamente, avançando a partir da costa. A largura da plataforma continental varia consideravelmente fora dos EUA, girando de umas poucas milhas a dez, em partes do litoral californiano, e a até 250 milhas ao norte da Flórida, chegando a quase mil milhas na costa ocidental do Alasca. Vários litorais ofereciam particulares oportunidades para uso de recursos marinhos, sob a forma de praias arenosas, baías naturais, promontórios rochosos, proximidade de ricas zonas piscosas, conforme Lewis M. Alexander em seu artigo no livro “Geografia Humana nos Estados Unidos”. Os EUA reconheceram certas classificações de águas ao longo de suas costas. Enseadas, baías, embocaduras de rios eram classificadas como ‘águas interioranas’, sobre as quais a nação teria soberania absoluta. Além das águas interioranas estariam o ‘mar territorial’, sobre o qual a nação também possuía soberania.

A natureza do contorno litorâneo dos EUA é relevante por causa de sua relação com a ‘orientação marinha’ dos habitantes litorâneos e por causa de seu uso como base para medição de zonas de jurisdição nacional em águas territoriais. Essa ‘orientação marinha’ refere-se às atitudes das populações litorâneas em relação ao mar, o uso que fazem de seus recursos e seus investimentos marinhos em termos de capital, educação e controles legislativos. Entre os usos que se fizeram das áreas litorâneas e das águas territoriais norte-americanas, até a década de 1970, os dois mais importantes economicamente eram a pesca e a extração de petróleo:

[1] A pesca comercial nos EUA rendia em torno de 400 milhões de dólares anuais e mais de 100.000 pescadores foram empregados em regime de tempo integral pela indústria, há uns trinta anos atrás. Havia cinco principais áreas de pesca ao largo dos EUA, a área da Nova Inglaterra [eglefim, bacalhau, pescada], Grand e Sable Banks do Canadá [pesca oceânica], Georges Bank ao largo de Cape Cod, os mariscos foram muito importante nessa economia pesqueira, particularmente os mexilhões e lagostas. Embora o capital investido e a tecnologia, que transformaram a economia norte-americana durante tantas décadas até 1970, tiveram pouco efeito na indústria pesqueira.

[2] A situação no tocante à indústria de petróleo foi diferente. O índice de investimento de capital em perfurações ao longo da costa chegou à mais de um milhão de dólares por dia, e centenas de poços operavam na plataforma continental. Ao longo da costa de Louisiana situou-se a área produtora de petróleo mais importante. Uma área menor ficava ao sul da Califórnia, poços produtores surgiram ao longo da costa do Texas. Este foi o período em que se iniciaram as explorações ao largo da Flórida ocidental, de Oregon e de Washington, bem como em Cook Intel, Alasca. Estimava-se que um terço das reservas comprovadas dos EUA estava situado na ‘plataforma continental’.

Sobre as águas interioranas, destaca-se a Bacia do Rio Meramec no Meio-Oeste norte-americano: uma bacia fluvial de cerca de cem por cinquenta milhas, que se estende dos arrabaldes de St. Louis, no Missouri, às montanhas de Ozark. A zona é coberta por florestas, em sua maior parte de altiplano, e é uma das regiões mais desertas, em termos demográficos, na metade leste dos Estados Unidos, assemelhando-se aos Adirondacks ou à península superior de Michigan; no entanto, fica a oitenta quilômetros apenas de uma área metropolitana de dois milhões de pessoas, na década de 1970, de acordo com Edward L. Ullman em seu artigo “Predição e Teoria Geográficas: Avaliação dos Benefícios de Recreação na Bacia do Meramec”. Precedida por um longo período de agricultura. A destruição dessas florestas tornou-se um fenômeno muito antigo, a tal ponto que já não existe mais na Europa nenhum bosque caducifólio original, o mesmo ocorre nos EUA, bem como as florestas de coníferas que foram um dos biomas mais explorados em toda a Terra para a produção de energia, tal como José Bueno Conti e Sueli Angelo Furlan questionaram em seu texto “Geoecologia: O Clima, os Solos e a Biota”.

Historicamente, as cidades que constituíam o Cinturão Industrial Americano surgiram como um grupo particularmente grande durante o período da Predominância Ferroviária que, de algum modo, envolveu o Meio-Oeste norte-americano. Estas cidades se localizavam dentro de uma área limitada a oeste por uma linha que ia de Milwaukee e Chicago a St. Louis; a leste, do sul de Nova Inglaterra a Washington, segundo Edward J. Taafe em seu artigo “A Rede de Transporte e a Paisagem Americana em Mutação”. De todo modo, a partir da década de 1960, a área do Meio-Oeste agrícola abrangia o Ohio ocidental, a maior parte de Indiana e Illinois, as partes meridionais de Michigan, Wisconsin e Minesotta, todo o Iowa, o Missouri setentrional, o nordeste do Kansas e áreas de Nebraska orienta, Dakota do Sul e talvez a do Norte, delimitou Walter M. Kollmorgen em seu artigo “As Granjas e a Agricultura no Meio-Oeste Americano”. O centro do Meio-Oeste representa uma área dos EUA que fica ao sul e a oeste dos Grandes Lagos, achatada pelos gelos e que se encheu de água, enriqueceu-se nas eras glaciais.

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