segunda-feira, 16 de março de 2009

Estado Liberal


O mundo vive uma crise constante e específica, marcada desde o fim da segunda guerra mundial, por dois corredores: capital e Estado. A guerra fria criou uma trincheira aparentemente pouco intransponível. Centrado, muitas vezes, na competição entre duas superpotências (EUA e URSS), o planeta se tornava bipolarizado. 1917 e a Revolução Russa, 1929 e a crise do capitalismo – o século XX começou alicerçando o que se tornou, a partir da década de 60, um edifício de pequenas guerras, movimentos insurgentes, expansão territorial.

Parece que muitos políticos e intelectuais chamavam de bipolaridade o que na verdade era uma tríade que se compunha por primeiro, segundo e terceiro mundo, ou seja, capitalistas, socialistas e não-alinhados. Ao criar estratégias de guerrilhas e experimentar governos com o apoio das metrópoles, os países não-alinhados da Ásia, África e América Latina, passaram a convergir forças ainda pouco calculadas. Do terceiro mundo emergem países que começam a dialogar no sistema-mundo com mais intensidade, criam o G-20. De um lado, o G-20 agrupa uma multiplicidade de países que são muitas vezes herdeiros do socialismo, ruído desde 1989, ou por países africanos e asiáticos, ex-colônias Britânicas e Franceses desde o século XIX; faz parte deste grupo também países latino-americanos que foram colonizados por Portugal e Espanha, desde o século XVI. Por outro, alguns países europeus, Canadá e a superpotência norte-americana compunham o G-7. G-7 e G-20 por algum tempo promoveram um campo de forças que definiu a nova ordem mundial.

Trata-se, sobretudo, de analisar a ‘paranóia de guerra’, que foi um ‘estado patológico e policial’ que desestabilizou a superpotência mundial e o capitalismo como sistema econômico. A guerra como continuação da política tornou os EUA uma comunidade patologicamente afetada, onde as diversas etnias já não conviviam em harmonia e liberdade: negros, latinos, asiáticos e brancos se esmagavam psicologicamente. Não se discute apenas, em termos patológicos, uma paranóia étnica, no plano das relações culturais mais amplas – hábitos, comportamentos, estilos de vida. O racismo se aprofunda por causa da engenharia genética impulsionada pelo motor da hereditariedade. Hábitos e comportamentos étnicos são passados hereditariamente. Lombroso definia um ‘criminosos nato’, com suas características físicas e biológicas determinantes num processo de identificação do inimigo doméstico. O modelo do Reich e de Auschwitz instaurou-se sobre os EUA de modo recriado, xenófobo, generalizado, contra latinos, negros, muçulmanos e asiáticos. Os inimigos externos obedecem a uma lógica mais móvel, se pensarmos no socialista como, por muito tempo, inimigo mais importante, o muçulmano e o terror que propagava. Estava em questão, de um lado, o regime de poder que iria dominar o mundo (socialismo versus capitalismo), de outro, poços de petróleo. A circulação em um espaço cada vez mais amplo é necessária, a ação policial de guerra passa a ser uma função norte-americana: EUA – polícia do mundo. Frentes de batalha nas coréias, no Vietnã, no Oriente Médio, para implantar a democracia capitalista. O dispêndio de reservas monetárias destina-se, em grande parte, para a aquisição de armas, bombas, caças, blindados, helicópteros, sistema de informação, etc. Instituições financeiras mundiais patrocinavam a guerra e a fome no mundo. Pouco produtivo soltar bombas no deserto, se caso houver lucros numa atividade desse tipo, será em longo prazo. Dentre vários fatores, destaca-se, na paranóia de guerra norte-americana, seu caráter patológico (fortemente relacionado com questões genéticas, hereditariedade e racismo para definir os inimigos internos) e seu aspecto policial (ações guerreiras que definiram no século XX o inimigo socialista, árabe como inimigo externo). Patologia e Guerra são dois elementos que circunscrevem uma crise política e cultural nos Estados Unidos. No início do século XXI, hipotecas, estatizações de bancos, desemprego e tantos desequilíbrios econômicos desestruturaram os norte-americanos, literalmente, sob uma cortina de bombas e sangue.

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